DADOS REFERENTES ÀS SEMANAS EPIDEMIOLÓGICAS 01 A 18 / 2014
(29/12/2013 a 03/05 de 2014)
A dengue é uma infecção viral que se tornou um grave problema de saúde pública no Brasil, assim como em outras regiões tropicais do mundo. É de transmissão essencialmente urbana, ambiente no qual se encontram todos os fatores fundamentais para sua ocorrência: o homem, o vírus, o vetor e, principalmente as condições políticas, econômicas e culturais que formam a estrutura que permite o estabelecimento da cadeia de transmissão.
O vírus da dengue pode se apresentar de quatro formas diferentes, que vai desde a forma inaparente, isto é, quando a pessoa está com a doença mas os sintomas não se manifestam, até quadros de hemorragia, que podem levar o doente ao choque e ao óbito.
A apresentação típica da dengue inclui a presença de febre há menos de 7 dias, acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sintomas:
- Cefaléia (Dor de cabeça);
- Dor atrás dos olhos;
- Dor muscular;
- Dor nas articulações;
- Abatimento físico;
- Manchas vermelhas pelo corpo;
- Náuseas ou vômitos.
A febre é geralmente a primeira manifestação, com início repentino e temperatura superior a 38ºC. Em crianças, a dengue pode se manifestar através de sintomas inespecíficos como dor abdominal, rubor facial, náuseas, vômitos, diarreia, falta de apetite e irritabilidade.
De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado no dia 23/04/2014 pelo Ministério da Saúde houve uma queda nos casos de dengue nos três primeiros meses deste ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.
Em 2014, foram 215.169 notificações, o que representa uma redução de 76,7% quando comparado ao primeiro trimestre do ano passado (921.716). O número de casos graves da doença também caiu 80% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2013. De 1º de janeiro a 5 de abril, foram confirmados 937 casos graves da doença, contra 4.722 em 2013.
Seguindo a mesma tendência, os óbitos pela doença diminuíram 87% em relação a 2013. No período, foram confirmados 47 óbitos, sendo que no ano passado foram 368. Treze estados não registraram óbitos neste período: Rondônia, Acre, Roraima, Pará, Amapá, Tocantins, Piauí, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os estados do Amapá, Roraima, Sergipe, Maranhão, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Sul, apresentaram os menores índices de notificação pela doença neste período.
O Ministro da Saúde atribui a queda no número de casos graves à organização da rede pública de saúde em todo o país, à ampliação no fluxo de atendimento, ao diagnóstico precoce e, sobretudo, a uma maior conscientização da população.
No município de Picuí, os dados seguem o mesmo parâmetro nacional. Nos primeiros meses de 2014 tivemos uma redução de aproximadamente 20% no número de casos suspeitos notificados. Até o momento foram 26 notificações. Destas, apenas 02 tiveram resultado confirmado por sorologia e 02 foram descartados. (em 2013 foram 33 notificações e 06 foram confirmados). Não houve nenhum caso de agravamento da dengue, nem óbito em nosso município.
Tal redução deve-se ao trabalho em equipe realizado pelos profissionais da saúde que vem sendo desenvolvido:
- Os agentes de endemias, a cada 2 meses, realizam as visitas domiciliares, a procura de larvas do mosquito. Em caso positivo, realizam o devido tratamento;
- As unidades de saúde fazem o atendimento e notificam o caso suspeito, semanalmente;
- A Vigilância Epidemiológica recebe essas notificações e inicia a investigação dos casos, identificando tais pacientes e seus respectivos endereços, informando à Vigilância Ambiental, para que as devidas medidas sejam tomadas;
- As medidas emergenciais são: providenciar o carro fumacê para eliminação do mosquito em sua forma alada; delimitação de foco nas localidades onde há casos confirmados de dengue; campanhas, arrastões e palestras educativas nas escolas;
- Os exames são enviados ao LACEN (único laboratório aceito pelo Ministério da Saúde);
- Qualquer informação só pode ser divulgada oficialmente, após a confirmação do resultado pelo LACEN.
No que diz respeito ao óbito ocorrido recentemente, em abril do corrente ano, a vítima residia no município de Cuité e trabalhava no nosso município, tendo sido encaminhado e notificado pelo Hospital Regional de Picuí. Assim, não há como saber onde o paciente contraiu a doença, nem tampouco por qual motivo os sintomas se agravaram. Há vários fatores predisponentes a um caso de agravamento: automedicação, adiamento em procurar o profissional médico, uso de medicamentos a base de Ácido Acetil Salicílico (AAS), dentre outras. É importante destacar ainda que a causa mortis do referido paciente só será confirmada após concluída a investigação. Isso porque a sorologia realizada indica apenas que ele estava com o vírus da dengue, sem, no entanto, maiores comprovações para o diagnóstico de dengue hemorrágica.
Portanto, aos primeiros sintomas da doença (febre, dor de cabeça, dores nas articulações e no fundo dos olhos), a recomendação do Ministério da Saúde é procurar o serviço de saúde mais próximo e não se automedicar. Quem usa remédio por conta própria pode camuflar sintomas e, com isso, dificultar o diagnóstico.
Para diminuir a proliferação do mosquito, é importante que a população verifique o adequado armazenamento de água, o acondicionamento do lixo e a eliminação de todos os recipientes sem uso que possam acumular água e virar criadouros do mosquito. Além disso, é essencial que, nos ambientes públicos, sejam realizados serviços que contribuam para a eliminação dos focos, como recolhimento regular de lixo nas vias, a limpeza de terrenos baldios, praças, cemitérios e borracharias.
Picuí-PB, 07 de maio de 2014
AIRY YSMÊNIA DE LIMA MEDEIROS
Coordenadora Municipal de Vigilância Epidemiológica
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