Este relatório corresponde a avaliação do período de 01 de janeiro à 31 de dezembro de 2014, que nos dá base para as ações aplicadas em 2015.
Ao
analisarmos o gráfico abaixo, vemos que a Taxa de Natalidade (TN) do município
de Picuí vem declinando nos últimos anos, estando em consonância com a meta
nacional. O valor caiu de 14,7, em 2012 para 14,4, em 2013 e permaneceu o mesmo
valor em 2014.
De acordo com os resultados das variáveis descritas acima, observa-se
que houve um aumento no número de cesarianas, passando de 58,2% para 62,6%. Faz-se necessário,
incentivar os trabalhos de orientação e conscientização para as gestantes,
Equipes de Saúde da Família (ESF’s) e profissionais do setor da obstetrícia
para identificar as possíveis causas, em busca de soluções pertinentes ao
serviço. Como forma de aprimorar o serviço, é necessário que se fortaleça os
grupos de gestantes, de forma que haja uma ação interdisciplinar, em parceria
com as secretarias de saúde e assistência social, assim como rede hospitalar.
No que diz
respeito à Proporção de Nascidos Vivos de Baixo Peso ao Nascer (PNVBP), o valor
foi 5,3% em 2013. Em 2014, aumentou para 7%. É importante ressaltar que
há um parto de trigêmeos e um de gêmeos, o que justifica o baixo peso de 05 dos
18 nascidos.
No tocante às variáveis relacionadas
à idade da gestante, também houve alterações bem relevantes, já que em 2013 o
percentual de gestantes na faixa etária de 14 a 19 foi 26,2% e em 2014 houve
uma redução para 21,%.
No tocante ao índice de 07 ou mais
consultas de pré-natal, o município vem apresentando um discreto aumento, a
cada ano, ficando acima do pactuado pelo estado. Em 2014, o valor passou de
88,5 para 88,7.
A tabela a seguir destaca as doenças
notificadas e investigadas no ano de 2013 e da 1ª a 53ª semana epidemiológica
de 2014.
De acordo com
os resultados do Coeficiente de Incidência (CI) dos agravos expostos,
percebe-se que houve um discreto aumento no número de casos de acidentes por
animais peçonhentos. De contra partida, o número de atendimento antirrábico
diminuiu.
O número de notificações
de dengue reduziu, assim como o número de casos confirmados, cuja incidência
baixou de 68,5 para 10,9.
Um agravo
que teve seu coeficiente aumentado e é motivo de preocupação é o aumento no
número de casos de sífilis em gestante. Doença de notificação compulsória, o
aumento de sua incidência sugere falha no tratamento e pode ter como
consequências a sífilis congênita ou o óbito do feto. Trata-se de um problema
de saúde pública muito frequente nos dias de hoje, devido o avanço das Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DST).
Dos agravos notificados, o maior
aumento foi das Hepatites virais. Foram 42 notificações, sendo 12 confirmadas
por laboratório e 07 pelo quadro clínico epidemiológico. O surto fez parte de
toda a região e todas as medidas cabíveis foram tomadas com o intuito de
amenizar a situação. Diante do ocorrido, as seguintes ações foram feitas:
- Reunião com a equipe técnico pedagógica da Secretaria de Educação, bem como da EMEF Pedro Henriques da Costa (localizada no bairro São José) para informações referentes ao surto ocorrido.
- Solicitação mensal, à 4ª Gerência Regional de Saúde, do envio de Hipoclorito de Sódio para a realização de ações de prevenção por parte dos Agentes Comunitários de Saúde e respectivas ESFs;
- Distribuição dos Hipocloritos de Sódio com as ESF e algumas escolas municipais;
- Divulgação na mídia local, através de informações sobre hepatites virais, bem como prevenção, tratamento, cuidados com a água e alimentos contaminados, assim como higiene pessoal e vacinação disponível.
- Reunião com os ACS’s, ACE”s, médicos, enfermeiras e diretores de postos para intensificar as ações inerentes ao tema;
- Visitas realizadas pelas ESFs nas escolas onde as crianças com hepatites estudam para a realização de palestras educativas e distribuição de panfletos;
- Visitas domiciliares às residências dos pacientes acometidos, com intuito de realizar investigação epidemiológica;
- Solicitação à Vigilância Ambiental da análise das águas nas residências em questão, bem como das escolas onde as crianças frequentam.
- Envio do relatório para a Secretaria de Infra Estrutura e Secretaria de Saúde, informando a existência dos esgotos e lixo para a tomada das devidas providências;
- Solicitação de sorologia para os comunicantes diretos;
- Averiguação da caderneta de vacina de todas as crianças notificadas com encaminhamento para a sala de vacina, para aquelas com esquema incompleto ou não iniciado;
- Encaminhamento de todos os comunicantes adultos ao setor de Imunização para a realização e atualização do esquema de vacina para Hepatite B;
- Orientação sobre tratamento, repouso, cuidados de higiene, tratamento de água com Hipoclorito de Sódio para todas as pessoas das casas visitadas.
- Confecção de panfletos informativos para distribuição com a população.
- Mobilização nos principais bairros e distritos da zona rural, culminando com a mobilização municipal.
As notificações de
leptospirose, apesar de em pequena quantidade, também merecem atenção, uma vez
que podem ser mais letais que as hepatites e tem praticamente o mesmo meio de
transmissão, sendo que por agentes diferentes. As equipes com caso confirmado
foram informadas e orientadas a fazerem trabalho de orientação com a comunidade
e intensificar a visita para o acompanhamento dos pacientes.
MONITORAMENTO DE
DOENÇAS DIARRÉICAS AGUDA (MDDA)
Nas 53 semanas epidemiológicas de 2014 foram notificados 1561 casos
de diarreia, sendo distribuídos por semana epidemiológica, com discretas
oscilações entre as semanas. Em 2013, foram registrados 2441 casos.
Correlacionando
o número de casos notificados em 2014 com os de 2013, no mesmo período, observa-se
uma grande redução no número de notificações em todas as faixas etárias. Como
forma de regular e evitar um surto, foi intensificada a distribuição de
hipoclorito na comunidade, bem como as orientações acerca do tratamento das
águas e informativos na rádio local e população, feitos pelas equipes de saúde.
MORBIDADE
Pelo perfil apresentado nos últimos
anos, o adoecimento do município de Picuí é semelhante ao apresentado por
várias regiões. De acordo com os últimos relatórios e
com alguns dados de 2014, as principais doenças mais prevalentes em Picuí são:
1.
Hipertensão Arterial Sistêmica
– HAS;
2.
Infecção das Vias Aéreas
Superiores – IVAS;
3.
Virose;
4.
Infecção do Trato Urinário –
ITU;
5.
Diabetes Mellitus;
6.
Gastrite;
7.
Insônia;
8.
Doenças e transtornos mentais
9.
Cefaleia;
10.
Dislipidemias.
Com relação ao Coeficiente de Mortalidade Infantil (CMI), o município
está com um índice de 23,34, o que corresponde a 06 óbitos infantis para 257
nascidos vivos.
A maior
parte dos óbitos foi neonatal precoce, ocorrendo nas primeiras 24h de vida.
Deste modo, esses dados requerem um acompanhamento mais ativo das ESFs para com
as crianças menores de um ano, no município, bem como intensificação nas
consultas de pré-natal, serviço de referência e contra referência e condutas
que estão em consonância com os protocolos do Ministério da Saúde.
Em se tratando do óbito em Mulher em Idade Fértil (MIF), vemos um acentuado
aumento, esse ano, visto que foram registrados 07 casos. Mais que o dobro
registrado em 2013, como descrito no gráfico abaixo. Após
investigação, todos os óbitos foram descartados como óbito materno. O gráfico
04 também mostra um aumento no número de óbito infantil, em 2014.
O Coeficiente de Mortalidade Geral (CMG) em 2013 foi de 6,2. Em 2014
aumentou para 7,2, o que mostra um aumento no número de óbitos.
Segundo dados do SIM descritos no gráfico abaixo, as
causas mortis mais prevalentes no município são respectivamente as doenças do
sistema circulatório, neoplasias, doenças do sistema respiratório, doenças do
sistema endócrino, causa externa e causa básica mal definida.
ATIVIDADES QUE TIVERAM
A PARTICIPAÇÃO DA VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA EM 2014
- Reunião com diretores de posto para repasse sobre fichas do SINAN, assim como seu preenchimento correto (janeiro);
- Capacitação sobre o manejo clínico da influenza, em João Pessoa (março);
- Ações programadas, em conjunto com a Vigilância Ambiental, ESFs e escolas municipais, no tocante a Dengue e Hepatites virais, através de mobilização nas ruas (Maio);
- Capacitação: Manejo Clínico da Hanseníase e Tuberculose, em Campina Grande (maio);
- Curso: Codificação de Causa Básica de Óbito, em João Pessoa (maio);
- Reunião SISPACTO, em Campina Grande (julho);
- Fórum perinatal – rede Cegonha, em Campina Grande (julho);
- Campanha Geohelmintíases e Hanseníase nas escolas municipais (agosto);
- Capacitação em Violência sexual, doméstica e/ou outras violências, em João Pessoa (agosto);
- Reunião de avaliação com as ESFs; intensificação da entrega de planilhas de diarreia semanalmente (setembro);
- Reunião PMAQ e PQAVS, em João Pessoa (novembro);
- Capacitação GAL/LACEN, em João Pessoa (novembro);
- Reunião SISPACTO, em Campina Grande (novembro);
- Capacitação Febre da Chicungunya, em Campina Grande (novembro).
- Repasse do manejo da Chicungunya para as ESF’s, ACS’s e Agentes de Endemias (dezembro);
- Intensificação das investigações de óbito, através da busca ativa nas ESFs;
- Palestras realizadas nas escolas, Unidades de Saúde da Família (USF) e CREAS, em parceria com demais profissionais da saúde;
- Elaboração de cronograma para divulgação em mídia local a cerca dos agravos mais prevalentes e incidentes no município, com o intuito de alertar e informar a população.
- Intensificação do acompanhamento e investigação das notificações de agravos de notificação compulsória, através de visitas domiciliares com a presença do Agente Comunitário de Saúde (ACS) da área;
- Cadastro do envio de DO e DNV no sistema local para maior controle destas.
- Envio de fichas de notificação dos principais agravos e GAL (Gerente de Ambiente Laboratorial) para todas as ESFs;
- Envio de boletim diagnóstico mensal para todas as ESFs;
- Envio de documento oficial referente ao preenchimento de declaração de óbito para o Hospital Regional de Picuí e todas as ESFs.
CONSIDERAÇÕES FINAIS (Importante)
Com base nas informações apresentadas,
observa-se que em 2014, apenas parte dos objetivos pactuados foram atingidos. Algumas
taxas e coeficientes tiveram seus piores valores, comparando com os dois
últimos anos. A redução da natalidade, bem como o aumento da mortalidade no
município, tiveram relevante importância para tal resultado.
Após várias tentativas, conseguimos
cadastrar o município com o sistema GAL para realizarmos os exames sorológicos,
bem como encerramos em tempo hábil as investigações das notificações
realizadas.
Apesar de ter havido uma maior
quantidade de qualificações, não houve empenho por parte de alguns profissionais
das ESFs. Algumas equipes tiveram resultados inferiores ao do município, o que
sugere que atitudes devem ser tomadas, para que as devidas melhorias aconteçam
e que nossos indicadores sejam reparados.
Mesmo com todas as recomendações realizadas,
uma das principais dificuldades encontradas foi a falta de atenção no
preenchimento das fichas de notificação, tanto as vindas das unidades quanto as
do hospital. A quantidade de fichas incompletas, com erros de preenchimento,
letras ilegíveis e fichas antigas, atrasou muito o serviço de digitação e notificação
no sistema. Tais características também são aplicadas às declarações de nascido
vivo e de óbito que, devido a erros primários e evitáveis, dificultaram muito o
envio em tempo hábil.
A pouca ou nenhuma participação dos
médicos nas reuniões e capacitações foi outro ponto negativo para o bom
andamento das ações realizadas e cumprimento das metas pactuadas, uma vez que
este profissional é o responsável pelo acompanhamento de todos os agravos.
O elevado índice de óbito infantil é
muito preocupante, visto que dos 06 ocorridos, 04 poderiam ter sido evitados,
através de ações mais efetivas, desde a atenção básica até a média
complexidade. A gestão precisa tomar providências para que não ocorram novos
óbitos e que os profissionais tenham mais atenção no atendimento prestado ao
cliente.
De forma sucinta, para que o município melhore
seus índices, é necessário que haja trabalho em equipe e uma maior integração
entre ESFs, núcleo hospitalar e Vigilância em saúde.
A seguir, estão descritos os
principais fatores que dificultaram as ações da vigilância epidemiológica em
2014:
·
Falta de informação por parte das ESFs e
ACSs que não entregaram, na maioria das vezes, as fichas de notificação ou
planilha de diarreia em tempo hábil ou sequer realizaram a notificação de
agravos;
·
Dados inconsistentes ou declarações de
óbito e de nascido vivo incompletas ou rasuradas vindas do hospital, atrasando
o envio das fichas para a 4ª GRS.
·
Não participação de alguns profissionais
nas reuniões de avaliação.
Diante das dificuldades
apresentadas, algumas solicitações são feitas para o ano 2015, com o intuito de
melhorar a qualidade na assistência à saúde:
·
Formação de uma equipe multi, inter e
transdisciplinar (parceria entre Secretaria de Saúde, Promoção Social e
Hospital Regional de Picui) para trabalhar com o grupo de gestantes, com
reuniões mensais com o objetivo de oferecer todas as orientações pertinentes a
todo o ciclo gravídico-puerperal, a fim de reduzir o percentual de partos
cesarianos, o número de natimortos, partos prematuros e óbitos neonatais;
·
Capacitação para todas as ESFs sobre
acompanhamento pré-natal de baixo e alto risco, bem como tratamento de doenças
comuns na gravidez e protocolo de referência e contra-referência.
·
Aquisição de materiais necessários para
a formação do grupo de gestantes, tais como: colchonetes, bola suiça,
almofadas, material didático para parte prática das reuniões;
·
Capacitação periódica para as Equipes de
Saúde da rede municipal, com atualização de conceitos inerentes à Saúde da
Mulher, da criança, do adulto, do idoso, dentre outras.
·
Realizar vistorias nos cemitérios
públicos, com o intuito de captar alguma DO que não consta no sistema local;
·
Fortalecer a parceria entre Secretaria
de Saúde, Cartórios e Cemitérios para intensificar a Vigilância do óbito;
·
Reduzir o número de óbitos por causa mal
definida e sem assistência, bem como dos óbitos precoces devido a doenças do
aparelho circulatório, respiratório, neoplasias e doenças metabólicas e
endócrinas;
·
Intensificar as investigações de óbito;
·
Capacitar as ESFs para um trabalho
contínuo de notificações de agravos, bem como solicitação de sorologias e
preenchimento correto e completo das fichas;
·
Realizar as notificações e envia-las em
tempo hábil para o setor de vigilância epidemiológica;
·
Intensificar as condutas na atenção
básica para um maior acompanhamento dos agravos que necessitam tratamento e
acompanhamento dos casos, a exemplo da Sífilis em gestante;
·
Executar o plano de contingência de
combate a dengue e chicungunya, de acordo com o que foi realizado no ano
anterior.
·
Intensificar a cobrança para as ESFs e
ACSs da entrega semanal das planilhas de notificação de diarreia, para que
evite subnotificação;
·
Intensificar o envio de hipoclorito de
sódio para que os ACSs distribuam com a comunidade;
·
Intensificar a análise das águas para
evitar possíveis surtos de diarreia, bem como hepatites e demais doenças
associadas à água não tratada.
·
Criação de um protocolo municipal de
condutas epidemiológicas voltadas para o atendimento de pré-natal e saúde da
mulher, bem como dos programas preconizados pelo Ministério da Saúde.
·
Participação ativa das ESFs nas
notificações de agravos.
·
Criação e execução de um calendário
baseado nas semanas epidemiológicas, a fim de divulgar em mídia local os
principais agravos do município, bem como alertar e informar a população para
os cuidados preventivos de tais doenças.
AIRY
YSMÊNIA DE LIMA MEDEIROS
Coordenadora
da Vigilância Epidemiológica
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